O roubo do tempo
Alcione Araújo*
Nos primórdios do capitalismo industrial - a relação homem-máquina ainda não tinha um vitorioso - não era pacifico que o trabalho rotineiro fosse um mal em si. Em meados do século XVIII, por exemplo, ganhou destaque o antagonismo dos pontos de vista de dois luminares da época: um francês e o outro inglês. Na sua Enciclopédia, publicada entre 1751 e 1772, Denis Diderot afirma que o trabalho rotineiro é como um método de aprendizagem por repetição - então usual. Já Adam Smith, no seu livro A riqueza das nações, publicado em 1776, afirma que: “A rotina embrutece o espírito. Pelo menos da forma organizada no capitalismo emergente, parecia negar qualquer relação entre o trabalho comum e o papel positivo da repetição na criação do produto.”